Eu não sou pernambucano, nasci no Pará em setembro de 84,
saí de Marabá para Manaus, fui esperar meu irmão nascer, Pernambuco, terra dos meus pais, a partir dos três fui
morar em Recife, terra que me viu melhor e me criou. Crescendo, “já morei em tantas casas que nem me lembro mais”, tantos bairros recifenses.
Quando menino, pai militar, em Porto Velho fui morar, o Norte pela segunda vez.
Separação, morei com minha mãe e depois com o meu pai, estudei
na Conde da Boa Vista, me formei lá em Nazaré, excursionei o Nordeste, o Brasil
nas viagens “de e da História”, aprendi a aprender e até iniciei a aprender a
ensinar, ainda não sei, assim como não sabia também amar.
Atravessei o Atlântico e passei um tempo em Lisboa e na
cegueira de tanto andar descaminhando, descobri o caminho do meu próprio vento,
voltei à velha Maurícia de um novo tempo. Tudo no meio e depois de tantas
aventuras desventuradas, paixões juvenis e universitárias, forrós, frevos,
cocos e maracatus, carnavais, Olinda e Recife Antigo, idas a Ilha do Retiro,
amigos do Náutico, do Santinha, da Parabelo, do condomínio, tanta gente do meu
peito.
Após duas vidas que morreram, a “Ensolarada” do Cordeiro e a
“Morena de Areia e Sal” do Cabo de St. º Agostinho, ferido sem saber, corte que
eu mesmo fiz, em mim e nos outros, perdido ao pensar que me acharia, me
estabeleci perto do Pará (Norte na vez três), bem no pescoço do país, no Norte
do Tocantins e sempre voltando nas férias do meu renascimento, em Recife nasci
pela terceira vez.
Passei de vez a assumir casos que me trouxeram acasos, meu
caso com Pernambuco, meu caso com as pernambucanas. Encontrei na terceira vida,
a terceira pessoa e a terceira chance, aquela que me fez ser de novo, alguém
que aos 28 vem aprendendo, que enfim aprendeu com todos os erros das vidas
passadas, pedindo tanto perdão, também fui me perdoando
Meu “Raio de Sol” de Boa Viagem, que iluminou todas as
pedras para o meu ser, um aprendiz, do tipo que aprendi a aprender, aprende a
ensinar, aprende Pernambuco, aprende que sabe e pode amar de novo. A chave para todas essas
portas sempre foi a mágica “terra dos altos coqueiros”, neste universo é o grão que me vale e
assim, em algum breve dia, nas terras do melhor são joão, no chão verde açúcar da Zona da Mata, ou nas brisas de sal
do litoral, iniciando na lua e invadindo ruas e avenidas com o sol, se ela
aceitar, em algum lugar desse mundo Pernambuco a gente vai se casar, e no
depois, qualquer lugar será apenas mais um lugar.