sexta-feira, janeiro 26, 2007

Marinheiro Só.





Sua casa é no alto mar.
Coração salgado há chorar.
A solidão é sua companheira,
lhe acompanha a cada ceia.

Com os pés no azul.
Proa sentido ao sul.
A aventura na maresia.
Mar de prata. Fantasia.

Ouvindo som das baleias,
doces cantos das sereias.
A nuvem desenha uma lembrança,
na altura do Cabo da Esperança.

Nas profundezas do seu coração.
A água congela o sentimento.
Descontrolando o seu timão.
Deixando o mar turbulento.

Seu futuro depende do vento.
No velejar de cada momento.
Pescando seus sonhos de ilusões.
Sobrevivendo ao mar de tubarões.

A noite iluminada por estrelas.
Rasgadas por longos cometas.
Nas águas escuras e sombrias.
O grande medo do fim dos dias.

O marinheiro segue sempre só.
A cada dia, sempre um novo nó.
Amando o mar e o mar o amando.
No seu berço azul, segue sonhando.


Dhiogo Rezende.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

É ela, Rafaela!



Amiga dos anjos e dos homens.
Ternura é o seu perfume.
Uma criança a brincar nas nuvens.
Meiguice é o seu costume.

Rainha dos corações,
imperatriz da pureza.
Harpas nas canções,
do céu azul turquesa.

Infinita na sua bondade.
Linda flor de açucena.
Laço firme da sinceridade.
Beleza divina e serena.

Moça da história feliz.
Ela é à tarde manhosa.
Dos belos jardins de lís.
Ela é a flor mais cheirosa.

Perfeita como a natureza.
Sabe viver cada momento,
enfrentando sempre a tristeza.
Menina de flores ao vento.

Ombro presente e confiável.
Palavra forte e reconfortante.
Amiga de valor inestimável.
Não há quem não se encante.

A grande poesia do mundo.
É ela, é Rafaela.
A beleza em traço profundo.
Desenha a bela.

Um doce pedaço do céu.
É ela, é Rafaela.
Num jarro de puro mel.
Nasceu ela, Rafaela.

Dhiogo Rezende.

Morte


Com sangue, mais sem horror.
Sem horror, mais com dor.
Sem dor, mais com medo.
Sem medo, mais vermelho.

Vermelho vivo em preto morto.
Descarnando a alma latente.
Vai se tomando um lodo.
A morte bebe vinho quente.

Com altas risadas no seu pranto.
Faz não existir nenhum acalanto.
Faz-se presente a qualquer hora.
Pode vir depressa, às vezes demora.

A terra úmida e fria convida.
A uma morada única e eterna.
Talvez seja outro tipo de vida.
A Escuridão no fim da caverna.

Senhora do mal irremediável.
Dos cadáveres velados.
Viagem com retorno inviável.
Inicia em buracos marcados.

Na pedra, mais um que não é mais.
Flores o rodeando em coroas.
Rezas em pensamentos carnais.
Grama verde em face às garoas.

Dhiogo Rezende.

Nazaré da Mata


Nazaré, terra de cores no varal.
Pé-de-cana em cada quintal.
Terra cravada, sangue da mata,
corre no caboclo do surrão de lata.

Cidade de manhãs manhosas.
Tardes preguiçosas e sinuosas.
Cidade de luas médias e sol gigante.
De rua lavada e chão brilhante.

De ladeiras mal inclinadas.
De feiras que usam as calçadas.
Terra geral do maracatu.
Danço eu, dança também tu.

Terra de música fluente.
De batucada reverente.
Terra de igrejas velhas.
Do cemitério e suas velas.

De mulheres bravas de alma,
têm a força estampada na saia.
Mistura da natureza calma,
com os batuques de al faia.

Pode ser lugar de repouso,
a rede e o som do rádio fanhoso.
Chuva de cinzas da cana queimada.
Bares simples, mas de mesa animada.

Lugar de luta e coragem dos bóias-frias.
Na ponta do facão o pão de todos os dias.
Cidade da velha revoltosa,
com seus metais soltos em prosa.

Sede do Veneno Futebol Clube.
Sua paixão, não tem quem mude.
Cidade que abraça todo mundo,
seja o cabra doutor ou vagabundo.

Cidade de estudantes-professores,
autores da vida, futuros educadores.
Lugar que transmite afeto,
vê no falar do avô com o neto!

Das mães que arrumam os filhos.
Sendo eles Édipos ou Narcisos.
Cidade doce em mar de vasta cana.
Parte viva da cultura pernambucana.

Dhiogo Rezende.