sexta-feira, setembro 29, 2006

Sou o palhaço "Tristeza" do circo dos leões devoradores de corações!


A cara pintada de alegria.
O olho que brilha de magia.
Esconde uma tristeza.
Entre o peso e a leveza.

No picadeiro da vida, se transforma.
Num sorriso constante e forçado.
Na correria da plataforma.
As piruetas em traçado.

A alegria da criança, lambuzada de algodão-doce.
A própria felicidade arrancada pela foice.
O choro diante do espelho.
Com seu nariz de vermelho.

A solidão no final do espetáculo.
A maldição do breve humor.
O pulo bem dado, sem cálculo.
Por trás da maquiagem o horror.

Ele é o sonho em preto e branco.
A gargalhada pela dor.
A ingenuidade do franco.
A certeza da perda do amor.

O colorido na expressão.
O tom final da canção.
Sempre o primeiro a cair e se levantar.
Para a tristeza do outro tratar.

Um coração salivado e confuso.
Repele os bons frutos do intruso.
A embriaguez no fechar da cortina.
A lágrima misturada com purpurina.

É a coragem de continuar.
A vida do mundo alegrar.
Mesmo com as derrotas das suas razões.
Mesmo com o coração mastigado por leões.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Dialética dos Sonhos!


Sonhos de vontades me levam a dimensões.
Fazem-me navegar nos princípios das razões.
Escolher entre o querer, e o poder.
O morrer e nascer, ser e não viver.

A vontade de você me consome.
Essa doença interna não some.
O coração quer ajudar, mas não pode.
Este sufocado, pelo amor em alta dose.

Como um vírus forte, poderoso.
A vontade consome, deixa ocioso.
Meus olhos só enxergam os seus.
Ilusão! Seus lábios querem os meus.

Nesse jogo de vontades estranhas.
toco minha alma, minhas entranhas.
Tento renegar as vontades.
Tento separar as metades.

O vírus do amor é invencível.
Sua contaminação é invisível.
Só me resta devagar, agonizar.
O coração cheio de amor parar.


Essa melodia, sozinho vou tecer.
O som diminuir e assim esquecer.
Para quando dormir a vontade voltar.
Pois eu preciso dela para acalmar.

Um coração que não agüenta mais.
Esses fluxos de sangue irreais.
Não estou mais agüentando.
O despertar não está sanando.

Não sei se quero dormir ou acordar.
Não sei em que mundo vou saltar.
Poder mergulhar nesses olhos negros.
Seus segredos, guardar com lanceiros.

Queria da sua língua, um abraço.
Do seu corpo, um grande laço.
Nos sonhos o irreal aquece.
A realidade assim envelhece.

Queria na sua boca, morrer.
No seu doce sorriso, renascer.
Em você eu queria crescer, viver, morar.
No seu coração, me internar, me alojar.

Quero desvendar seus segredos.
Atender todos seus vivos desejos.
Queria matar, acordar essa vontade.
Antes que me mate, que seja tarde.

Quem é essa mulher?


Ela é mais que as outras, é uma em muitas, é a flor, o jardim, o caminho das águas e das pedras, a deusa mortal da natureza, o brilho da aurora, a acumulação de beleza, é o som da flauta doce, o vento do norte, o mundo em uma volta, o verde da mata, o sonho da noite, o cair das flores no outono, a arte na poesia terminando em prosa.

Ela é real e imaginaria, sabe o que é, sabe muito bem o que não quer, é a própria alegria, às vezes a tristeza dos outros, se coloca como um espelho reflete o belo e repele o falso. É morte e vida nas almas, é o sangue daqueles que a desejam, a variedade de cores da flora, o desespero dos que não podem ao menos vê-la.

É a vontade que não pode existir, o abraço não dado, o beijo que não pode ser roubado, o contentamento mais descontente, é o remédio dos carentes, a água fresca nos corpos ardentes, é o chamado ignorado, o olhar desviado, a busca do inacessível, é o meu coração invisível.

É o sonho de quem não dorme, a utopia dos fantasiosos, o tato imaterial, a loucura que corre os cantos do cérebro, a violência do amor em pancadas suaves, o orgulho de ser do jeito que é, simplesmente mulher faceira, adorada, desenhada e denotada nos contos das inverdades.

Essa mulher existe em varias cabeças, em vários sonhos, ela é fruto do imaginário freqüente nos pensamentos daqueles que vivem um amor platônico, incomum, ao mesmo tempo mortal e vital.

Ela pode ser qualquer uma, pode ter qualquer nome, qualquer jeito, pode ser boa ou má, mas aos olhos dos fieis corações, ela é tudo que existe e ao mesmo tempo não existe.

Ela é mulher de vários carnavais, composição de pensamentos carnais de confrontos mentais, ela é o que o amor poder transformar. Para aqueles que a levam no peito, é uma mistura de conforto com um casual azar.

Olhar




Olho pra ela sempre, não sei parar de olhar, com ela sempre quero estar. Quero sonhar, entrar na sua mente, descobrir o que ela sente.
Será que ela mente sobre dizer que eu tente conquista-la, por enquanto alcança-la, somente com meus olhos ardentes em lagrimas quentes, cada vez mais freqüentes.

Olho chorando ou de olhos limpos, acho os dela lindos, coisa de garimpo.
Tudo dela é ouro, tesouro no final do arco-íris, tem esmeraldas nas suas íris, deusa de Ébano, prima de Osíris.
Olho pra ela sempre que é possível olhar, minha mente não mente nunca sobre o meu gostar.

A verdade é que eu não consigo deixar de me prestar a ver, esse ser que nenhuma mulher consegue ser.
Tem que ver para crer, quem ver ama, quem ama desanda, nunca mais arruma um rumo, nunca mais manda, somente obedece, às vezes parece que o sol desce perto da gente, ai agente sente o coração derreter derrepente, e nem que agente tente é possível parar, parar de olhar, olhando agente começa, olhando agente termina, num mundo sem fim de rima.

Eu espero ela me olhar, paro de chorar, olharei mais de perto, sentirei de certo.
O seu rosto moreno doce tocarei com pétalas, aquelas que só as deusas são tocadas, seguindo o som das harpas, farei pra ela um colar com a minha alma de cordão, e o pingente será meu coração.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Desculpa Alceu!



Que me desculpe Alceu.
Quem a beijou fui eu.
Eu senti a carne de cajú.
Provei com uma lapada de "pitú".
Desfrutei, aprovei, logo delirei.
Se existe beijo melhor, não sei.
Na batida do frevo canção.
Batia mais forte meu coração.
Morena doce, melada de beleza.
Na sua boca o sumo da pureza.
Pele macia, cheiro de manga rosa.
Perfume solto no meio da prosa.
Olhar de jabuticaba madura.
Deus coloca sua assinatura.
Na pele de jambo noturno.
Lua da terra, anéis de saturno.
Pernambucana do Cabo feita de areia e sal.
Ondas fortes levam as paixões ao litoral.
Escultura viva de mulher ainda menina.
Bela flor escondida, ouro preso na mina.
Beijei a morena tropicana de Alceu.
Se for pecado? Que nada, sou ateu.
Provei da saliva doce, melaço de cana.
Da língua de canela, marca da pernambucana.

O Roubo da Rosa.

A roseira tava armada
Levei umas dez furada
Maribondo deu picada
Era muito espinho....

Um cachorro me atacou
Minha bunda ele pegou
Meu calção o cão ficou
dente amoladinho....

Gritaram, - pega ladrão
Cheio de rosa e sem razão
Pulei o muro com uma mão
Saí de fininho...

Roubei um pé de flor
Pra casa do meu amor
Era rosa sim senhor
Falta um vasinho...

O nome dela é Tereza
Dei-lhe rosa com certeza
Pra enfeitar sua beleza
Falta um beijinho...

Dhiogo Rezende.